Caro visitante,

Caro visitante,

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

TIRANDO A TAMPA


(Fragmento do livro DIÁRIO DE UM LÍDER de Luciano Pires)

- Qual a principal lição que você aprendeu sobre liderar pessoas? - foi uma das perguntas que recebi de um grupo de jovens executivos, todos em posição de liderança de equipes, após uma de minhas palestras.
Respondi na lata:
- Tire a tampa.
Então contei a história de um vizinho, também jovem executivo, que sempre conversava comigo nos fins de semana. O rapaz começou na empresa como estagiário, e durante um bom tempo passou várias áreas, sempre em torno da função que queria desempenhar no futuro: engenharia. Até que foi promovido a gerente. e estacionou. era figura apagada, sempre calado nas reuniões, o tipo de pessoa que, se não aparecer na festa, ninguém nota.
Já o chefe do rapaz era aquele tipo de sujeito opiniático, que tem resposta para tudo. Suas frases sempre começavam com um não. Depois vinham as explicações, a maioria justificando a razão para não fazer algo acontecer. Ou então dizendo que aquilo já havia sido feito em tal lugar, que ele participara do processo e que estava tudo sob controle. E ai de quem discordasse...Debaixo dessa figura, meu jovem amigo permanecia apagado. Até que um dia...
Uma das fábricas da empresa estava em dificuldades e precisava de alguém treinado para gerenciá-la. Meu jovem amigo foi designado. Mudou de escritório. de cidade.  De chefe. Da noite para o dia começou a mostrar brilho nos olhos. Energia. Vontade de fazer acontecer. Pegou um pepino gigantesco que descascou aos poucos, trombando aqui, quebrado a cara ali, acertando acolá, como em todo o processo de aprendizado. E deu certo. Até que um dia ele foi promovido a gerente geral da operação.
O garoto apagado se transformara numa estrela brilhante. Dava gosto falar com ele. Curioso, tentei encontrar a razão para uma mudança tão forte e repentina. Não deu outra: o novo chefe do rapaz, como o antigo, era opiniático. De personalidade forte. Co resposta para tudo... Mas, diferente do anterior, tirou a tampa. Ou melhor, jamais agiu como tampa. Nunca ficou sentado sobre os talentos de seus colaboradores, microcontrolando. Sempre serviu como chama, fervendo as pessoas que - sem tampa - transbordavam.
[...]
Líderes que agem como tampas costumam permanecer por vinte, trinta, quarenta anos nas empresas, que gostam de gente assim.
Essas pessoas acham que agindo como tampas estão protegendo seus comandados. E estão certas; tampas servem para proteger. Mas também para conter, impedir que o conteúdo saia.
Meus jovens interlocutores ouviram atentos, saboreando cada palavra que eu dizia. Depois se despediram, pensativos. Eu sabia o que se passava em suas jovens cabeças.
Eles estavam se perguntando:
- Sou fogo ou tampa?

ISCA INTELECTUAL
Seu chefe protege e contém ou provoca e instiga? Ah, você é o chefe?

Obs: Grifo nosso